Método Ubuntu

 

A palavra “Ubuntu” é uma combinação de dois termos: “Ntu” que significa pessoa e “Ubu” que significa tornar-se. Esta filosofia revela uma centralidade na pessoa na sua singularidade e, simultaneamente, propõe um caminho que cada um é chamado a fazer: tornar-se pessoa. A filosofia Ubuntu torna evidente que a natureza humana tem no seu centro a relação, “ser-com-o-outro”. Acreditando que nos tornamos mais pessoa na relação com o outro.

Este caminho, profundamente relacional, que se inicia no “eu” e se completa no “nós”, inspirou os promotores da Academia de Líderes Ubuntu a propor uma interpretação, possível de ser concretizada num método que possa ajudar cada um a descobrir-se como líder Ubuntu. Assim, o método proposto passa pelo aprofundamento do conhecimento de si e das suas capacidades e forças – os três primeiros passos – seguindo em direção ao outro – os dois últimos passos, numa dinâmica perpétua e circular, onde se volta sempre ao centro de cada um, para poder ir ao encontro do outro de forma renovada e melhorada.

A prática foi confirmando as potencialidades do método que, embora aberto a melhorias e contributos, acreditamos estar suficientemente testado, avaliado e consolidado, podendo ser proposto para replicação.

 

UBUNTU E OS 5 PILARES

O método Ubuntu aposta no desenvolvimento de cinco competências centrais, que trabalham o Autoconhecimento, Autoconfiança e Resiliência, a Empatia e Serviço. As primeiras três dimensões são mais individuais e as duas últimas mais relacionais.

Embora se dê especial enfoque às cinco competências referidas, a Academia de Líderes Ubuntu é um espaço onde se privilegia a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos participantes, promovendo outras competências como o trabalho de equipa, o pensamento crítico e autorreflexivo, a comunicação, a resolução de problemas, entre outras.

 

sk l AUTOCONHECIMENTO

“Aquele que não é capaz de se governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.”

Mahatma Gandhi

Mais do que uma autoanálise intelectual, o autoconhecimento implica o reconhecimento interno de dinâmicas psicológicas e afetivas, de paixões e motivações, de medos e sonhos. A experiência da Academia de Líderes Ubuntu diz que o primeiro passo para uma verdadeira transformação de vida envolve uma viagem interior: o conhecimento de si mesmo.

Para ajudar nesta viagem são propostos momentos de reflexão individual, dinâmicas variadas e técnicas de storytelling, procurando facilitar a leitura e integração positiva da história de vida de cada participante, ajudando a ajustar a perceção que cada um tem de si próprio. Promove-se a consciência do eu presente, das transformações e crescimento pessoal, bem como a projeção do eu futuro, identificando estratégias que permitam desenvolver o potencial individual de cada participante. A consciência realista das forças e fragilidades individuais é essencial, pois é aí que assenta qualquer processo de capacitação e liderança.  

 

sc l AUTOCONFIANÇA

 “Tudo parece impossível, até que seja feito”

Nelson Mandela

Uma das consequências positivas do autoconhecimento, conduzido mediante um olhar verdadeiro e humanizador, é o reconhecimento de forças e potencialidades individuais. A autoconfiança é aqui entendida como a convicção das capacidades individuais para atingir ou realizar um determinado objetivo. Com humildade, tomar consciência das características individuais e do seu valor intrínseco, para as colocar ao serviço da comunidade.  Como nos diz John Volmink, autoconfiança fala de foco e de coragem: foco no caminho que se quer trilhar e coragem para, apesar dos obstáculos, das críticas, das dificuldades, trilhá-lo.

A autoconfiança é fortalecida na medida em que, dotado de estratégias, cada um se reconheça capaz de atingir os objetivos e metas a que se propõe, cumprindo o seu desígnio no serviço ao outro. Trabalha-se para que os participantes recusem narrativas de resignação e autovitimização, recordando-lhes que são autores da sua própria história - “Eu sou o senhor do meu destino, eu sou o capitão da minha alma” (William Ernest Henley – Invictus)

 

r l RESILIÊNCIA

“As dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários”

C. S. Lewis

A superação de obstáculos é um desafio universal, diário e inevitável. A resiliência concretiza-se pela capacidade de transformar estas mesmas adversidades em oportunidades de crescimento. As dificuldades, sejam elas grandes ou pequenas, simples ou complexas, desafiam cada um a superar-se, vencer, perseverar e crescer. A capacidade de transformar obstáculos em oportunidades, de não se deixar vencer pelo desânimo ou pelo desespero, ultrapassando-os de forma saudável, construtiva e acompanhada, surge como dimensão central a potenciar durante o processo formativo da Academia.

A resiliência permite olhar para os contratempos com a certeza de que, depois de ultrapassados, fortalecerão a capacidade de lutar pelos objetivos e sonhos que movem cada um. Assim, cada desafio ou dificuldade que se enfrenta com êxito fortalece a vontade, a confiança e a capacidade de vencer as adversidades futuras.

 

e l EMPATIA

"Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”

Carl Rogers

A empatia sintetiza a capacidade de ver e entender o mundo através do ponto de vista do outro. Implica estar disponível para reconhecer a outra pessoa na sua singularidade, para se colocar no lugar do outro. Cada participante é convidado a desenvolver a competência de se descentrar, tornando-se mais capaz de compreender, escutar o outro, de sentir com o outro numa dinâmica de encontro e construção positiva. Neste sentido, é fundamental promover o encontro, aproximar realidades, desconstruir preconceitos e combater o individualismo.

É através do encontro e da relação que a compreensão, a aceitação e o respeito surgem, mediante as diferentes formas de percecionar, ver e significar a realidade. Assim, pretende-se que cada um possa entender a essência Ubuntu, na medida em que nos tornamos mais humanos quando nos aproximamos e deixamos completar pelo outro. A empatia é “a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo” (Krznaric).

 

s l SERVIÇO

“Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”

Madre Teresa de Calcutá

O serviço é uma dimensão essencial e engloba uma forma concreta de ser e estar em relação. Ambiciona-se que cada participante Ubuntu, consciente da sua responsabilidade no mundo, possa adquirir as competências humanas e as ferramentas técnicas necessárias, para se tornar um líder servidor ativo na luta por um mundo melhor.

Conhecendo-se a si próprio, confiando nos seus talentos, acreditando na sua capacidade de superar as adversidades e sentindo com o outro, cada participante encontra-se pronto a servir liderando, promovendo e restaurando a dignidade humana. O serviço é o ponto de partida, mas também de chegada de um processo de construção individual que é circular, crescente e sempre incompleto. Torno-me pessoa.